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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Quem é racista? Empresas ou Pessoas? - Garota da Tijuca.


Essa semana postagens divididas nas redes sociais também me dividiram. Mas depois de apurar um pouco os fatos e exercer a "multiparcialidade" (falarei mais abaixo), foi fácil me posicionar.

Um restaurante chamado "Garota da Tijuca", localizado no Rio de Janeiro foi protagonista de um ato racista em pleno dia da Consciência Negra (20/11). 

O gerente do estabelecimento recepcionou dois entregadores de bebidas (negros) oferecendo duas bananas em "homenagem ao dia deles". Resumidamente os entregadores fizeram um Boletim de Ocorrência na delegacia e o gerente foi detido e solto após pagar fiança. Logo em seguida foi demitido do restaurante. 

Não vou me ater ao fato porque já foi discutido exaustivamente e não é o foco do post. Mas se alguém quiser saber maiores detalhes do ocorrido, clique aqui.

Quero me prender ao fato de que tudo que deveria ser feito foi efetivamente feito. Os entregadores exerceram seu direito de denunciar o crime. O homem foi indiciado. E o principal, a empresa demitiu o empregado e ainda expôs uma faixa na frente de seu estabelecimento com os dizeres "Repudiamos qualquer ato discriminatório". Na minha opinião, acredito que eles repudiam mesmo.

O restaurante não abriu recentemente. Tem uma gama de 35 funcionários de todas as raças. Sem distinção. Demitiu o criminoso. Se posicionou contra o acontecido. Não vejo mais nada que o restaurante possa fazer para se distanciar do acontecido.

Todos sabemos que contratar um funcionário, por mais extraordinário que um processo psicotécnico possa ser, não revela na totalidade a índole, filosofia, transtornos, psicológico e demais idiossincrasias que cada indivíduo carrega consigo. 

Vou contar dois eventos rápidos que eu mesmo testemunhei. 
Já trabalhei na juventude como vendedor de uma importante empresa de comércio varejista de calçados.

Fato 1. Um funcionário querendo ser mandado embora, mostrou o pênis para uma cliente após ela fazê-lo descer todo o estoque de sapato feminino e querer ir embora sem comprar nada.

Fato 2. Dois funcionários insatisfeitos com a empresa, furtivamente usaram o telefone fixo da loja e doaram R$ 1.500,00 para o Criança Esperança, só para causar prejuízo ao patrão.

Tenho inúmeros outros exemplos onde o funcionário não reflete o local onde trabalha. E garanto que muitos outros têm muitos outros exemplos.

E se o gerente racista estivesse querendo ser mandado embora? Se quisesse se vingar dos patrões ou de colegas de trabalho. E falo colegas de trabalho SIM. 

Ressalto isso pois os donos do restaurante estão amargando um prejuízo e exposição negativa, sem contar o assédio por conta de algo desproporcional à responsabilidade deles. Porém as pessoas acham que boicotando o restaurante, marcando protesto, criticando, denunciando e castigando exaustivamente o estabelecimento, sem apurar, sem empatia, está prejudicando apenas o negócio.


Não.

Está prejudicando a receita do negócio. Que é um importante fato gerador que pode fechar e botar (de acordo com a dona) 35 pessoas na rua. Vale a pena? Pais e mães de família. Engrossar o caldo do desemprego. Várias mesas para se colocar comida. 



Você pode até achar que a empresa e seus donos devem sangrar, mas o que dizer do garçom? Cozinheira? Auxiliar? Caixa? E os outros que além da chance de não serem racistas, também não cometeram nenhum ato e vão pagar o pato?

Vale a pena ressaltar que não estou defendendo o ato. Defendendo o racista e também não tenho relação nenhuma com os responsáveis pelo estabelecimento. Estou apenas indo contra a polarização. Não há necessidade de "oito ou oitenta". Esquerda ou direita. Viva ou Morra. PT ou PSDB. Racista ou não racista.

Vi até alguns argumentos do tipo: "Se você é assediado ou sofre um crime de um funcionário da empresa, a empresa também é responsável". Concordo plenamente. Mas que o agredido acione a empresa. Que os entregadores além do boletim, abram uma ação judicial por danos morais contra o restaurante e faça-se justiça. ELES. Apenas eles. Mas um monte de carente de internet acha que vale a pena boicotar e enforcar o lugar até ele morrer, não pagar indenização nenhuma e ainda botar um monte de gente na rua?

Não defendo nenhum lado. Falta às pessoas o que mencionei anteriormente. Multiparcialidade.

Não basta ser imparcial. Devemos escolher um lado e fazer o exercício de entender e defender aquela ideia como se fosse nossa. Depois fazer a mesma coisa com o outro lado e só após experimentar (como se fizesse parte daquilo) os dois lados da moeda, aí sim decidir o que é certo e errado. 


(Obs: Em determinados momentos nem existe lado certo, existe um meio termo coerente, justo e eficaz).

Mas a busca por likes, por comentários favoráveis, por ter exposição, tornar-se viral, conseguir acessos mil ou simplesmente carência de atenção, nos fazem vociferar, babar e gritar qualquer coisa apelativa, sem colocar às variáveis na equação.

Meu pitaco por um mundo mais "Multiparcial".
E para que o "Garota da Tijuca" não seja mais uma "Escola Base", com a diferença de agora ser vítima das (#sqn) "Lindas, justas e utópicas" redes sociais e seus paladinos da justiça.




Para quem possa se interessar em interagir ou tomar conhecimento, tais paladinos ainda estão se organizando para um protesto no sábado em frente ao estabelecimento. Clique aqui e visite a "Sala da Justiça" e faça (ou não faça) o que julgar pertinente. 







quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A polarização é nosso caminho para a extinção!

Este é um tema, ou melhor, Pitaco que anseio por escrever há muito tempo.

Acontecimentos dos últimos meses serviram para corroborar isto.

Não me pergunte quando essa onda de polarização começou. Só sei que hoje vivemos num mundo onde nada é relativizado. Não existe empatia. Ninguém ou quase ninguém se preocupa em se colocar no lugar do outro. Em olhar o outro lado da moeda. Em procurar observar e (realmente) analisar os argumentos contrários à sua convicção. Aliás, nunca as pessoas foram tão convictas de sua convicção inabalável (com o perdão da redundância).

Não existe meio termo. Meio do caminho. Copo pela metade. Ou ele está meio cheio ou meio vazio. É inconcebível para alguns enxergar que há um conceito intermediário.

Ou você é PT ou é PSDB. Ou é pró ou contra Lula, Dilma, Aécio, Cunha e toda a farinha do mesmo saco. Ninguém por falar nisso, acredita que realmente são farinha do mesmo saco. Ou é a favor ou contra toda e qualquer causa. É biscoito ou é bolacha. Bota ou não bota uva passa na comida. O ateu e o religioso só conseguem se enxergar como inimigos. Não há ponto de convergência. 

Posso ficar dias aqui citando exemplos de polaridade.

Todos os assuntos, conceitos e comportamentos são tratados hoje como o Futebol. Além de imutável, também com doses abundantes de paixão. 

Só existe uma máxima hoje em dia. Eu estou certo, e qualquer um outro está errado. O mote "Nada do que você disser irá mudar minha opinião", reside hoje desde no papo de boteco/padaria, até a principal arena sanguinolenta do nosso século: as redes sociais.

Onde quero chegar?

A política é um prato cheio. 
Como eu disse anteriormente, a aberração da nossa polarização nos cega quanto a verdade de que devemos combater a política. Não os políticos.
A causa que deveria mover panelaços, passeatas, posts, comunidades e fanpages de facebook, discursos inflamados na padaria, faixas e outdoors irônicos pelas cidades, bonecos infláveis e peitos de fora e mais toda a gama de protestos é uma só: Reforma Política.

Mas a polarização (muito bem orquestrada pelos que seriam principal alvo da dita Reforma) deu tão certo que o povo, mais dividido que nunca, só sabe pedir Impeachment, cassação, 2º turno, e mais uma gama de ataques diretos e focados que só vão cortar a cabeça da Hidra. Para quem não conhece, Hidra é um monstro mitológico. Uma serpente de múltiplas cabeças onde para cada uma que era cortada, duas novas cresciam. 

Temos que matar a Hidra de fome. A reforma política é o meio disto.

Será que tirar a Presidente, para colocar um vice como o Temer vale mais que derrubar a obrigatoriedade do voto? Cassar o Cunha é mais vantajoso que eliminar o financiamento privado e anônimo de campanhas? Chorar mágoas com o Aécio é mais proveitoso que criar a Federação de Partidos (que tem potencial de reduzir drasticamente a quantidade de partidos no país).

Vale a pena lembrar que o meu dito acima são apenas exemplos e conjecturas. Não quero nenhum hater imbecil vir me rotular de coxinha, esquerda caviar ou qualquer alcunha cretina manipulada para polarizar a marionete que vocifera. Minhas opiniões pessoais sobre o tema guardarei nesse momento. Mas tenham certeza de que são multiparciais*.

Vamos sair da esfera da política. 

O desastre em Mariana. 
Temos dois times. Os funcionários, amigos e simpatizantes dos mesmos, os que dependem da Vale/Samarco na região entre outros que defendem a empresa. 

E o outro (e bem mais amplo) time. Os que passaram a promover uma cruzada mortal contra a empresa. 

Eu particularmente tenho a consciência limpa de que não defendo o acontecido. Poderia ter sido evitado e os danos são imensuráveis. Mas quer saber a verdade? Não há a necessidade ou obrigatoriedade de se levar os fatos a ferro e fogo.

A merda já está feita. Agora resta tentar remediar e recuperar. De que adianta punições e multas exorbitantes de cara e falir o conglomerado, se eles podem simplesmente fechar as portas e dar o calote.

Eu também acho as multas (que foram crescendo no decorrer dos dias graças às manifestações) muito baixas. Começaram em R$ 100 milhões e agora está em 1 bilhão. Sim. É irrisória. Anteciparam a Black Friday pra Samarco (como li no face esses dias). 

Mas acha que colocar uma multa de 1 trilhão vai resolver? Ela vai pagar? E a multa de R$ 1 bilhão de cara. Vai realmente para o desastre ou desviada para as cuecas de Brasília?

Na minha opinião pode até ser o tal do 1 trilhão. Mas que seja pago em parcelas. Seja liberado a medida que a fatura do prejuízo for chegando.

Vamos manter a empresa aberta. Vamos endurecer a fiscalização. Vamos reforçar as barreiras existentes. Vamos rever as regras para concessão de autorizações diversas. Vamos fomentar mais segurança. 

Mas vamos manter a empresa funcionando. Vamos manter os funcionários empregados.

E quanto ao estrago feito, vamos torná-la uma dívida. Vamos adentrar no faturamento e bloquear e comprometer o meio termo. O suficiente para arcar com a recuperação do estrago mas que ao mesmo tempo mantenha a empresa com capacidade de pagamento.

Não gosto de textos quilométricos.
Leia, reflita e tenho certeza de que encontrará muitos exemplos de polarização.
Se eu falar em religião então, não há outro campo maior de polarização. De extremismo. Mas aí eu prefiro escrever um livro que um artigo no blog.

*Em outro momento vou falar de um excelente remédio para a polarização. Chama-se "Multiparcialidade". Um conceito interessante que estudei num curso corporativo faz alguns meses. 

O Pitaco tá voltando devagarinho.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Um retorno ingrato

Saudações.

Mais de um ano. BEM mais de um ano.

Mal me recordo das funções e como editar posts em blogs. Depois do advento das redes sociais, conseguimos atingir as pessoas com mais rapidez e com mais qualidade. Digo qualidade porque direcionamos nossas opiniões para quem realmente interessa, quem está conectado. Blog tornou-se algo à deriva e disponível para quem estiver navegando por aí.

Mas qual foi minha surpresa ao constatar que mesmo com mais de um ano sem atualizações ainda haviam visitas DIÁRIAS. Sim, diárias!!

Mas não foi curiosidade e busca por audiência que me trouxeram de volta ao Pitaco. Infelizmente. Daí o título. Um retorno ingrato.

A tragédia em Mariana (MG) está consumindo meus dias em pensamentos de tal maneira que nem postagens regulares em facebook tem conseguido apaziguar. Um desabamento que até esta data deixou 7 mortos, 300 famílias desabrigadas, 300 mil pessoas sem água e 25 mil estudantes fora da escola. E tem mais cidades no caminho do desmoronamento.

Posso ser julgado e pode ser polêmica, mas gostaria de ser entendido que não estou desprezando os dados acima. CLARO QUE NÃO. Não quero que a ênfase que vou dar agora, faça acreditar que não há relevância no supracitado, mas o que me tira o sono são os relatos do quanto o meio ambiente foi afetado.

Explico.

Os mortos podem aumentar. As falta d'água, escolas, destruição entre outros danos aos seres humanos. Mas tudo indica que os seres humanos sofrerão MUITO mais dano à longo prazo. Todo o ecossistema que vai até o litoral do ES está comprometido com uma lama contaminada de metais pesados. O solo vai ficar estéril durante anos (muitos anos) e todo animal domesticado e não domesticado no meio do caminho vai ser morto. Vivemos um sistema onde o simples tatu, ou uma gama de insetos é tão importante quando o predado mais no topo da cadeia alimentar. As plantas, as árvores, flores, solo e tudo mais que sai da terra vai morrer e demorar para se recompor.

Já vivemos uma ausência dramática de chuva, então quanto tempo isso levará para ser lavado. Não vim aqui para informar. Tais dados estão aí para todo mundo ver.

Mas o que realmente me causa espasmos de temor e ódio é que tirando quem está diretamente envolvido, há uma dormência brasileira e um engajamento social/político extremamente seletivo. A tragédia é tratada como aquele sequestro relâmpago que passa no "Cidade Alerta". Ou um vazamento da Petrobrás (que por si só já é horrível), ou então ao Cunha escondendo dinheiro fora do país. É tratado como só mais uma coisa.

Confesso que o povo já é sofrido demais e é bombardeado diariamente com tudo quanto é desgraça. Somos todos como médicos insensíveis que diante do cotidiano da morte e das pústulas já não tem mais tratativa empática com o mórbido e o sentimento alheio. Mas esta é uma pústula que vai arder até no médico que trata. Não se enganem. Vai arder em todos nós. Vamos sentir isso. Estando perto ou longe. As consequências só estão começando.

Vivemos num país onde a vida vale menos que a Vale!
Empresa esta que tratou de tirar o Rio Doce do nome para depois tirá-lo do mapa.