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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A polarização é nosso caminho para a extinção!

Este é um tema, ou melhor, Pitaco que anseio por escrever há muito tempo.

Acontecimentos dos últimos meses serviram para corroborar isto.

Não me pergunte quando essa onda de polarização começou. Só sei que hoje vivemos num mundo onde nada é relativizado. Não existe empatia. Ninguém ou quase ninguém se preocupa em se colocar no lugar do outro. Em olhar o outro lado da moeda. Em procurar observar e (realmente) analisar os argumentos contrários à sua convicção. Aliás, nunca as pessoas foram tão convictas de sua convicção inabalável (com o perdão da redundância).

Não existe meio termo. Meio do caminho. Copo pela metade. Ou ele está meio cheio ou meio vazio. É inconcebível para alguns enxergar que há um conceito intermediário.

Ou você é PT ou é PSDB. Ou é pró ou contra Lula, Dilma, Aécio, Cunha e toda a farinha do mesmo saco. Ninguém por falar nisso, acredita que realmente são farinha do mesmo saco. Ou é a favor ou contra toda e qualquer causa. É biscoito ou é bolacha. Bota ou não bota uva passa na comida. O ateu e o religioso só conseguem se enxergar como inimigos. Não há ponto de convergência. 

Posso ficar dias aqui citando exemplos de polaridade.

Todos os assuntos, conceitos e comportamentos são tratados hoje como o Futebol. Além de imutável, também com doses abundantes de paixão. 

Só existe uma máxima hoje em dia. Eu estou certo, e qualquer um outro está errado. O mote "Nada do que você disser irá mudar minha opinião", reside hoje desde no papo de boteco/padaria, até a principal arena sanguinolenta do nosso século: as redes sociais.

Onde quero chegar?

A política é um prato cheio. 
Como eu disse anteriormente, a aberração da nossa polarização nos cega quanto a verdade de que devemos combater a política. Não os políticos.
A causa que deveria mover panelaços, passeatas, posts, comunidades e fanpages de facebook, discursos inflamados na padaria, faixas e outdoors irônicos pelas cidades, bonecos infláveis e peitos de fora e mais toda a gama de protestos é uma só: Reforma Política.

Mas a polarização (muito bem orquestrada pelos que seriam principal alvo da dita Reforma) deu tão certo que o povo, mais dividido que nunca, só sabe pedir Impeachment, cassação, 2º turno, e mais uma gama de ataques diretos e focados que só vão cortar a cabeça da Hidra. Para quem não conhece, Hidra é um monstro mitológico. Uma serpente de múltiplas cabeças onde para cada uma que era cortada, duas novas cresciam. 

Temos que matar a Hidra de fome. A reforma política é o meio disto.

Será que tirar a Presidente, para colocar um vice como o Temer vale mais que derrubar a obrigatoriedade do voto? Cassar o Cunha é mais vantajoso que eliminar o financiamento privado e anônimo de campanhas? Chorar mágoas com o Aécio é mais proveitoso que criar a Federação de Partidos (que tem potencial de reduzir drasticamente a quantidade de partidos no país).

Vale a pena lembrar que o meu dito acima são apenas exemplos e conjecturas. Não quero nenhum hater imbecil vir me rotular de coxinha, esquerda caviar ou qualquer alcunha cretina manipulada para polarizar a marionete que vocifera. Minhas opiniões pessoais sobre o tema guardarei nesse momento. Mas tenham certeza de que são multiparciais*.

Vamos sair da esfera da política. 

O desastre em Mariana. 
Temos dois times. Os funcionários, amigos e simpatizantes dos mesmos, os que dependem da Vale/Samarco na região entre outros que defendem a empresa. 

E o outro (e bem mais amplo) time. Os que passaram a promover uma cruzada mortal contra a empresa. 

Eu particularmente tenho a consciência limpa de que não defendo o acontecido. Poderia ter sido evitado e os danos são imensuráveis. Mas quer saber a verdade? Não há a necessidade ou obrigatoriedade de se levar os fatos a ferro e fogo.

A merda já está feita. Agora resta tentar remediar e recuperar. De que adianta punições e multas exorbitantes de cara e falir o conglomerado, se eles podem simplesmente fechar as portas e dar o calote.

Eu também acho as multas (que foram crescendo no decorrer dos dias graças às manifestações) muito baixas. Começaram em R$ 100 milhões e agora está em 1 bilhão. Sim. É irrisória. Anteciparam a Black Friday pra Samarco (como li no face esses dias). 

Mas acha que colocar uma multa de 1 trilhão vai resolver? Ela vai pagar? E a multa de R$ 1 bilhão de cara. Vai realmente para o desastre ou desviada para as cuecas de Brasília?

Na minha opinião pode até ser o tal do 1 trilhão. Mas que seja pago em parcelas. Seja liberado a medida que a fatura do prejuízo for chegando.

Vamos manter a empresa aberta. Vamos endurecer a fiscalização. Vamos reforçar as barreiras existentes. Vamos rever as regras para concessão de autorizações diversas. Vamos fomentar mais segurança. 

Mas vamos manter a empresa funcionando. Vamos manter os funcionários empregados.

E quanto ao estrago feito, vamos torná-la uma dívida. Vamos adentrar no faturamento e bloquear e comprometer o meio termo. O suficiente para arcar com a recuperação do estrago mas que ao mesmo tempo mantenha a empresa com capacidade de pagamento.

Não gosto de textos quilométricos.
Leia, reflita e tenho certeza de que encontrará muitos exemplos de polarização.
Se eu falar em religião então, não há outro campo maior de polarização. De extremismo. Mas aí eu prefiro escrever um livro que um artigo no blog.

*Em outro momento vou falar de um excelente remédio para a polarização. Chama-se "Multiparcialidade". Um conceito interessante que estudei num curso corporativo faz alguns meses. 

O Pitaco tá voltando devagarinho.


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