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quarta-feira, 28 de março de 2012

Pitaco do Leitor: "Planos sem saúde!"


Quanto você paga pelo seu plano de saúde? Se tiver mais de 30 anos, com certeza o valor pode corresponder à prestação de um carro usado. Se tiver mais de 60 anos, pode estar pagando um plano de saúde no valor da prestação de um carro importado.  A diferença é que o carro, um dia, você vai quitar e as suas prestações são uniformes, não aumentando a cada ano. Resumindo meu amigo: você desvaloriza mais rápido que um carro de passeio. 

Qual foi a última vez que você utilizou seu plano? A menos que você tenha uma doença, vai reparar que utiliza muito pouco seu plano de saúde. Isso acontece por que os planos de saúde funcionam como as seguradoras: o número de pessoas que utiliza eventualmente é bem menor que o número total de assegurados, tornando o negócio muito lucrativo. (E quando você usa, espera demoradamente como se fosse no SUS, gasta no máximo 01 frasco de soro, uns medicamentos simples como plasil, buscopan, tilenol... e se chegar a muito, uns exames baratos, tais como de sangue, de urina ou raio X).

Um comércio sem pudor se aproveita da necessidade alheia. A novidade agora é a taxa de urgência paga para obter mais rápido os resultados dos exames. Isso é indigno e revoltante por várias razões. Uma delas é que você percebe que apesar de estar pagando, não está recebendo o melhor atendimento possível... afinal de contas, essa “taxa de urgência” prova que poderiam antecipar os resultados dos seus exames se quisessem... qual doente não está com pressa de se tratar? A outra razão da indignidade é o desembolso extra. Esse sim coloca na frente os que podem pagar “mais”... Se houver muitos pagantes de taxas de urgência, o não pagante vai esperar mais que o normal se fosse todos tratados iguais. 

Ser médico era uma profissão linda, quase sagrada, exalando o dom de ajudar ao próximo, com compaixão, cuidado e afeto. Hoje, o que existe é o profissional, que tem que cumprir horário, adequar as necessidades dos seus pacientes (clientes) aos padrões de atendimento da empresa, integrado a uma cooperativa, que visa maior produção e baixo custo, numa grande indústria onde a matéria prima é humana. Frio assim! 

Texto de M Graças Folador Celeste



4 comentários:

  1. Texto que mexe numa ferida longe de cicatrizar (o plano não cobre!).

    Vale a pena acrescentar, o valor ridículo que as operadoras de Planos de Saúde repassam para os médicos. Temos cardiologistas recebendo muito menos por uma consulta do que cabeleireiros recebem por um "Mega Hair"...

    Mas acho que estou meio contagiado com o post anterior sobre os valores absurdos de carro zero: Tudo será dessa maneira, enquanto tiver gente pra comprar e ninguém para reclamar ou se manifestar.

    Quem quiser se manifestar, o Pitaco está aí pra isso!

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  2. To pensando muito no que você escreveu Luciano. Os próprios médicos criaram o plano de saúde, uma cooperativa (cooperativa já diz tudo: lucro repartido).
    Agora, se essa exploração absurda aos "consumidores" não está beneficiando a toda a classe médica e sim a um grupo seleto de empresas, por que os médicos estão aceitando? São pessoas esclarecidas, estudaram muito para não passarem de assalariados? Qual a vantagem?
    Médicos iniciantes tudo bem, aceitam de primeira...mas será que pagamos planos de saúde pra ficar nas mãos de inciantes? Há muita polêmica...

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    Respostas
    1. Hoje os Planos de Saúde tornaram-se praticamente bens de consumo primário. Muita gente tem plano de saúde. Um médico hoje é refém desse volume. Se ele não aceita o plano, o vizinho dele aceita e ele morre de fome.
      Isso eu também ouvi de vários médicos que me consulto.
      Meu cirurgião por exemplo. Tive fratura exposta no punho direito devido ao acidente de moto. No particular, a cirurgia dele é em torno de R$ 3 mil Não é todo mundo que tem como pagar isso. Então se ele não aceitar os R$ 1 mil que o plano paga, o vizinho dele aceita e faz a cirurgia.

      É vergonhoso! Coisa de mafioso mesmo! Só ganham os planos de saúde!

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  3. Eles são uma classe, sindicalizada e tudo o mais... da mesma forma que existe um piso salarial para engenheiro, deve existir pisos para as tarefas médicas, se o sindicato estabelecer que o médico deve receber R$ 3,0 mil por cirurgia de punho... é isso que o plano tem que pagar ao médico... o que barateou foi a oferta maior que a procura, causada pelo mito do filho médico estar encaminhado na vida...

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