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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jornalismo para Jornalistas!


Ao melhor estilo Show de horrores para aparecer chamando a atenção, fui testemunha de um crime, quer dizer, digo, um programa pseudo jornalístico desses parodiados no "Tropa de Elite 2".

Não me pergunte o nome. Fiz questão de não memorizar, mas sei que é apresentado pela Senhora das fotos acima (Cidinha Campos) e transmitido com a cumplicidade da Band. Como estou de molho e Lucas batia papo comigo na cama, vislumbrei o que seria os piores minutos jornalísticos do meu dia.

Ela dissertava um louco monólogo sobre o sequestro do ônibus na noite anterior. Dentre as trivialidades que até um macaco vesgo sabe, como a necessidade de preparo da polícia, as falastronices do secretário de segurança pública e etc..., ela abordou dois pontos grotescos de causar inveja a João Kleber e Tiririca.

O primeiro foi meter o pau no insulfilme do ônibus. Ela usou uma analogia safada de que o filho dela foi reprovado na vistoria do Detran porque estava com insulfilme muito escuro, e vários ônibus podiam circular com insulfilmes pretos. Começou a pregar que todo ônibus tinha que ser transparente para sabermos o que acontece lá dentro.

Bom minha senhora de cabelos e massa encefálica cinzas, me diga se a transparência das janelas de diversos ônibus no Rio de Janeiro impedem as dezenas de assaltos diários. Outro detalhe, como transitar no verão cabuloso carioca sem insulfilme? Principalmente em terras vulcânicas como Caxias e Nova Iguaçu. Já sei, Senhora Cidinha não deve andar de ônibus, muito menos circular com frequencia nos locais citados. E aposto que o carrinho de político dela tem insulfilme!

Outro ponto grotesco foi quando ela noticiou que um dos marginais é sobrinho do traficante Fernandinho Beira-Mar. Aí ela se superou. Começou uma tese nada científica que deve-se "castrar" todo marginal, porque se este tiver filhos serão outros marginais. Fez outra analogia safada comparando Fernandinho Beira-Mar e seu sobrinho, com a família Niemeyer. Enquanto uma só tem bandido, outra só tem cidadão notável e do bem. "Gente de bem só tem filho do bem e gente do mal só tem filho do mal" - palavras dela. O mestrado em sociologia por correspondência que ela fez não deve considerar criação, habitat, meio, educação, dentre outros fatores que influenciam o caráter de alguém. Basta ver o pai do sujeito. É bom, então é bom. É mau, então é mau.

Por isso inicio aqui uma tímida campanha. Vamos dar o jornalismo para Jornalistas formados. São quatro anos de estudos acadêmicos, teoria, prática e o suficiente para evitar ao máximos atrocidades como o programa da Senhora Cidinha. Não me consulto com pajé, só médico formado. Não arranco dente com Xamã, só com dentista formado. Não moro numa casa construída por entusiastas, apenas projetada e supervisionada por arquiteto e engenheiro civil. Então porque aceitar jornalismo de artista. Artista faz arte.

Saudades do Gil Gomes. Se é pra ser sensacionalista, faça direito!



Um comentário:

  1. Os jornalistas vivem dizendo que o jornalismo tem de ser feito por jornalistas e tal. Concordo com eles, porém, pergunta para um jornalista o que ele acha se só historiadores pudessem escrever livros de história. De quem é o lobby contra a legalização da profissão de historiador no Brasil? Aqui no Brasil flanelinha é profissão e historiador não, por quê?

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