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segunda-feira, 14 de março de 2011

Tem jeito?


Não fazem muitas semanas e li em algum jornal capixaba uma informação onde o deputado federal Tiririca havia sido escolhido para integrar uma comissão sobre educação na câmara dos deputados, e que para a comissão da reforma política fariam parte os deputados federais Paulo Maluf, Valdemar da Costa Neto e Eduardo Azeredo. Minha reação ao ler aquilo foi dar uma risada amarela, um misto de nervosismo, desespero e incredulidade. Até outro dia questionava-se a capacidade de ler e escrever do cara e agora o escolhem para a comissão da educação; já os outros 3 nobres parlamentares, pessoas conhecidíssimas no cenário político por envolvimentos em escândalos de corrupção, desvio de dinheiro publico e mensalões, terão a incumbência de apresentar ideias que mudem as regras da política/eleições no país. Vamos resumir pra ficar claro, talvez nem eu tenha entendido direito: um suposto analfabeto na comissão de educação e os dinossauros irão reformar a política brasileira, é isso mesmo? Como cantou o Nando Reis em “O relicário”(e eu adoro citar essa frase): “o mundo está ao contrário e ninguém reparou...”

Não irei repetir aqui aquele mantra dos últimos meses “como podem eleger o Tiririca, é um absurdo”, “Paulo Maluf ganhou de novo, não é possível” bla, bla, bla. Isso todo mundo sabe. O mais grave na minha opinião é que tais comissões são formadas com indicações dos líderes dos partidos e a ANUÊNCIA dos demais parlamentares! Ou seja, os outros deputados concordaram com tais indicações, aqueles que não comentamos se foi ou não um absurdo serem eleitos, o que torna o cenário político ainda mais trágico.

Meu pitaco: nós, os eleitores, precisamos parar de nos contentar em fazer da democracia apenas alguns votos a cada 2 anos. Precisamos reclamar, acompanhar, contestar, questionar, protestar quando nos sentimos lesados por nossos “representantes”. Não estou falando em coisas de outro mundo, veja só: você vai a um barzinho, pede uma cerveja, o garçom demora 10 minutos pra te atender e ainda te traz a cerveja quente. Você a bebe assim mesmo ou reclama com ele e pede pra trocar? Um pedreiro está fazendo uma reforma em sua casa e te dá um prazo de 1 semana para concluí-la. Passados 30 dias, a obra ainda está pela metade. Você reclama com o pedreiro ou vai pra um canto rezar e pedir que a reforma termine o mais rápido possível? Você está dirigindo no trânsito e um carro entra na sua frente de maneira brusca e sem sinalizar. Você buzina, xinga, protesta ou pede desculpas por quase atrapalhar a manobra arrojada do “piloto”? Percebe que já é usual em nossas vidas reclamar, protestar, se indignar com absurdos que acontecem? Não é necessário uma mudança de comportamento ampla, apenas aplicar um comportamento do nosso cotidiano à política. Democracia é sinônimo de participação, não de delegação...e discutir política numa mesa de bar pode ser (quase) tão interessante quanto discutir futebol. A mensagem que pretendo passar é simples e não é novidade: os políticos não vão mudar nossas vidas porque votamos neles. Entregamos uma procuração a eles de 4 em 4 anos, mas precisamos saber o que andam fazendo em nosso nome, se honram o poder que os concedemos. eles só fazem o que fazem porque sabem que não damos a mínima, daí alguns cidadãos se emputecem e, "revoltados", passam a anular o voto. Se a cerveja que te trouxeram está quente, não fique com sede, peça para trocá-la por uma estupidamente gelada. Pensemos nisso...

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