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sexta-feira, 11 de março de 2011

Centro de Operações Rio de Janeiro!


Remando contra a maré e os ensinamentos da novela de horário nobre “Insensato Coração” a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou em dezembro o Centro de Operações Rio. Dito como o primeiro Centro do Planeta na linha mundial de Cidades Inteligentes, o projeto foi resultado de uma parceria entre a Prefeitura e a IBM.

Numa sala que parece réplica do ambiente de trabalho do Homer Simpson, o Centro integra cerca de 30 órgãos municipais (nem sabia que existia tanto órgão assim), e concessionárias com o objetivo de monitorar e otimizar o funcionamento da cidade, além de antecipar soluções e minimizar as ocorrências. A unidade alerta os setores responsáveis sobre os riscos e as medidas urgentes que devem ser tomadas em casos de emergências como chuvas fortes, acidentes de trânsito e deslizamentos. Tudo isso 24h por dia, sete dias por semana em tempo real.

Agora vou dar o meu pitaco sobre esse empreendimento municipal.

Antes de mais nada, não me considero um devorador de noticias ou uma rádio CBN que anda e fala, mas não vi nem ouvi nada sobre esse maravilhoso e tecnológico advento. E quando eu não ouço falar de algo, mesmo que por alto, creio que não foi dada a devida atenção e importância ao fato ou que o mesmo não merece tanta atenção. Honestamente não acredito que tal centro seja um engodo que não mereça destaque. Apesar das noticias e vídeos que li não terem dado ênfase a segurança pública, tal Centro de Monitoramento deveria ser capa de todas as revistas, manchete de jornais e pagina principal de sites da internet. Isso quem sabe intimidaria os agressores de nossa sociedade tentando ao menos iludi-los que nosso governo está tentando ser mais inteligente que eles.

Será que não ganhou tanta notoriedade devido ao seu custo benefício?

Um comentário de Renata Andrade no blog Cidades e Soluções do G1 - Globo.com me chamou atenção. Qual será que foi o custo total desta implantação? Sendo on-line qual o custo de construção, operação e manutenção? Envolve quantos funcionários? Caso já tenha sido medido, Qual o benefício econômico real deste sistema? Estão com medo de terem criado um “Elefante Branco”?

Não foi falado nada também, mas será que tal tecnologia nos auxiliará nas soluções quanto ao transito caótico que o carioca enfrenta diariamente? De janeiro para cá, tal sistema já era pra ter dado um extrato da infelicidade que é andar de carro no Rio de Janeiro, ou ter mandado explodir tudo. As montadoras não param de vender carros. As pessoas não param de comprar. Condomínios não param de ser construídos. Vão esperar o Centro de Operações dar pau ou vão usar a ferramenta para resolver o problema?

Recomendo também ao Senhor Prefeito, parar de jogar Simcity 3000 com o Rio de Janeiro, e convidar a equipe que coordena o Twitter Lei Seca para dividir espaço na sala do Centro de Operações. Sem tanto recursos os caras vêm mapeando e alertando motoristas cariocas quanto não apenas blitzes de Lei Seca, mas também engarrafamentos, arrastões, acidentes, alagamentos, rotas alternativas apenas com a ajuda da rede mundial de computadores. Imagina o que eles fariam com tanta tecnologia?

Bom. Lendo ainda o blog Cidades e Soluções, vemos que por enquanto o Centro de Operações tem servido muito bem de uma extensão do gabinete do prefeito. Um lindo e tecnológico tranpolim para as próximas eleições (data que eu acho que estão guardando para dar a devida audiência para o Centro), e receber visitas ilustres.

Porém não apenas criticando, elogio a iniciativa. Apesar de saber que foi oportunista, atrasada e eleitoreira, tudo que vier para tentar melhorar a nossa sofrida vida de brasileiro merece ser enaltecida. Além de ajudar a diminuir prováveis vergonhas na copa e nas olimpíadas, tomara que esse piloto dê certo e seja o primeiro de diversos centros espalhados pelo país. Só não vale usar tal Centro para localizar novas fontes de arrecadação, ou em outras palavras, arrumar mais imposto para os cariocas pagarem. Dizer que o Centro foi uma ótima ferramenta para acabar com a publicidade irregular, ou com os ambulantes e coisas do gênero merecem uma morte lenta ao quem se vangloriar disto. Vamos monitorar e corrigir o que realmente nos prejudica.

Quem sabe assim o autor de Insensato Coração resolva usar suas novelas para convencer seus expectadores que o Brasil não é assim tão selvagem.

4 comentários:

  1. Olá Dodaro, tudo bem?
    Estou fazendo uma pesquisa sobre as condições e realizações atuais do CORio e tenho tido uma certa dificuldade em achar informação.
    Gostei da sua análise sobre o projeto, mas queria saber a sua opinião hoje, um ano depois.
    Obrigada

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    1. Olá Diana,
      Não vi nada nesse meio tempo que altere algum dado do texto acima, à exceção de uma ou outra menção do Centro em algumas mídias, coisa muito tímida ainda. No quesito segurança pública, não vi o Centro de Operações inibir os trombadinhas na Central do Brasil (notícia faz alguns meses). Não vi o Centro de Operações otimizar o trânsito, muito pelo contrário, com ou sem Centro de Operações, o transito só faz piorar.
      Na região onde moro hoje, em breve haverá a inauguração da TransOeste. A inteligência no Centro de Operações não previu erros desastrosos no projeto (falta de viadutos, retornos de 4km em Pedra de Guaratiba, alagamento nas chuvas e etc). É óbvio que essa via expressa vai fazer parte da grade de observação do Centro de Controle, mas até quando nossos administradores vão só observar?
      Observar a Cedae ignorar solenemente a qualidade do serviço que (não) presta. E ela não é a única concessionária que cospe na nossa cara.
      Desculpe a acidez, mas um ano depois, esse Centro de Operações não tem sido tão mais útil que uma estátua de pracinha.

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  2. Acho interessante o “Centro de Operações do Rio de Janeiro”, mas falta uma coisa básica que já existe há muito tempo em outros países, que é a alteração dos tempos dos sinais de transito de acordo com o trafego. O que vemos agora decorridos mais de 1 ano do “Centro de Operações do Rio de Janeiro” são engarrafamentos nos cruzamentos causados por sinais abertos, por longos períodos, para ruas sem nenhum transito! Nem mesmo acontece o sincronismo entre os sinais verdes que é bem mais simples. Quanto é que o “Centro de Operações do Rio de Janeiro”, vai controlar os sinais de transito em tempo real?

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    1. Muito boa a sacada. E olha que não parece ser algo dispendioso ou com grande grau de complexidade. Envolve somente inteligência e uso correto e coerente das instalações...
      Algo simples, mas com excelentes consequências.

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